segunda-feira, 4 de maio de 2009

Paradoxo cultural.

No dia em que o Prefeito da Cidade, o Governador e o Ministro da Cultura davam as mãos para apresentar a candidatura do Rio de Janeiro à Patrimônio da Humanidade, com tristeza leio a notícia de que mais um prédio pegou fogo no centro do Rio. Esses incêndios têm sido tão freqüentes, que já não cabe um olhar inocente.

A área do centro histórico do Rio de Janeiro é protegida apenas por APAC, quando o valor histórico e cultural recomendaria o tombamento de conjunto, coisa que os órgãos de proteção poderiam fazer promovendo a extensão de tombamento dos grandes monumentos já protegidos na área.

As áreas urbanas de valor patrimonial constituem hoje um importante recurso para a promoção do desenvolvimento das cidades, como bem demonstra a revitalização da Lapa.

Sendo assim, não é demais lembrar que o patrimônio é um recurso não renovável, sujeito à destruição irreversível. Qualquer ação inadequada sobre estas áreas, pode comprometer a diversidade simbólica (signo-diversidade) que constitui a base da riqueza que caracteriza o patrimônio cultural brasileiro e, portanto, o desenvolvimento sustentável das cidades.

Algumas cidades pagariam milhões para ter o patrimônio cultural que o Rio de Janeiro possui. Alfred Agache, urbanista frances que, ao final da década de 1920, elaborou um plano para a cidade do Rio de Janeiro, por solicitação do Prefeito Antônio Prado Júnior, alertou para importância de preservar o patrimônio histórico e disse: “a beleza se paga”.

Cada vez mais a mensagem faz sentido, mas na esfera política permanece um relativo descaso com a questão do patrimônio no Brasil e no Rio de Janeiro.